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1 brasileiro morre no país a cada quase 4 horas por acidente de trabalho

No Brasil, pelo menos um trabalhador morre a cada 3h47 em decorrência de um acidente de trabalho.

O levantamento foi feito pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), baseando-se nos registros envolvendo trabalhadores com carteira assinada, e apontam que o número de mortes  e acidentes ocupacionais vem crescendo nos últimos anos.

O Observatório SST foi desenvolvido pela iniciativa SmartLab, uma parceria entre o Ministério Público do Trabalho e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em colaboração com pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com dados da plataforma, 446.881 acidentes de trabalho foram notificados no ano de 2020, número que subiu 37%, alcançando 612.920 registros em 2021.

Enquanto isso, o número de mortes passou de 1.866 para 2.538 em apenas um ano, um aumento de 36%.

Os números também mostram que, para os homens, a faixa etária em que os acidentes mais ocorrem é entre 18 e 24 anos; já entre as mulheres, do 30 aos 34 anos.

As vítimas sofrem, principalmente, cortes, lacerações, fraturas, contusões, esmagamentos, distensões e torções, entre outros.

De acordo com o Procurador-Geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira, acidentes de trabalho não ocorrem por acaso. Ele calcula que, em média, são 70 acidentes por hora e sete mortes por dia no Brasil.

“Na maioria das vezes, isso ocorre por descaso de quem tem o dever de oferecer equipamento melhor, orientação e um ambiente seguro, e não o fazem. Esses temas devem ser preocupação constante para nós, em razão das perdas de vidas e da capacidade laborativa em todo o mundo”, afirma.

Precarização

Na avaliação do ministro Alberto Balazeiro, coordenador nacional do Programa Trabalho Seguro, da Justiça do Trabalho, situações de precarização do trabalho tendem a gerar mais acidentes e trabalhadores terceirizados estão mais suscetíveis a condições de risco e à falta de políticas adequadas de prevenção.

“Situações de crise levam empregadores a, inadvertidamente, esquecer ou não investir em medidas de proteção coletiva e eliminação de riscos”.

Balazeiro também aponta a falta de uma mensagem recorrente sobre a importância do tema, a insuficiência do corpo de auditores fiscais do trabalho e a falta de diálogo social para a formação de uma cultura de saúde e segurança como causas adicionais para o crescimento do problema.

Prejuízos bilionários

Além dos danos físicos e psicológicos, não apenas aos trabalhadores, mas também às suas famílias, os acidentes de trabalho representam perdas financeiras na média de R$ 13 bilhões ao ano. 

O montante considera valores pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em benefícios de natureza acidentária, como aposentadoria por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez). 

Além disso, mais de 46 mil dias de trabalho são perdidos, contabilizando todos aqueles em que as pessoas não trabalharam em razão de afastamentos previdenciários acidentários.

Só no ano de 2022, ao menos 307 mil ações trabalhistas foram ajuizadas com temas relacionados às condições de segurança e saúde em ambientes de trabalho na Justiça Trabalhista. 

O número contabiliza reclamações que tratam de:

  • Assédio moral;
  • Doença ocupacional;
  • Acidentes de trabalho;
  • Condições degradantes;
  • Limitação de uso de banheiro;
  • Assédio sexual.

Para Balazeiro, a discrepância entre as notificações de acidentes e as ações trabalhistas se deve, muitas vezes, ao desconhecimento ou à falsa percepção de que esses acidentes são aceitáveis e fatos corriqueiros.

Com informações do Extra Emprego

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